... e faz-nos remexer páginas, em busca dos analistas de pensamentos doutrora!
Recortes à margem de «O ESPÓLIO DE
FRADIQUE»
Ele (Eça de Queiroz) pensava assim:
(…) É interessante notar que em Portugal foi uma ditadura,
uma ditadura com “sabre e pensamento” que em 28 de Maio de 1926, arrancou o
poder das mãos de um partido que em regime constitucional o exercia
tiranicamente. Eça confundiu os termos mas o seu pensamento ressalta claro e a
sua solução simplista foi aquela a que tantas vezes Portugal tem recorrido para
se ver livre das tiranias partidárias, até que um dia encontre uma organização
política, assente na tradição nacional que Eça venerava e estimava, livre de
Alemanha e França, da democracia que Eça criticou e a que atribuiu todos
aqueles defeitos de uma sociedade falsa e podre de que se enjoou, e que
consequentemente, soube escalpelizar.
Para isso, chamo a vossa atenção para aquele “orgulho
consciente” com que Eça de Queiroz se vangloria de ter descoberto uma expressão
bem própria para designar a eloquência estéril e copiosa do então parlamento.
Na célebre carta (28) dirigida a Oliveira Martins, dizia:
«A respeito de política, chamo a tua atenção para a nova
palavra “verborreia” com que no artigo classifico a nossa eloquência “S.
Bental”. »
A Oliveira Martins esse termo tão feliz e apto não passou
despercebido, como demonstra o artigo deste publicado em 21 de Março de 1888 no
“Reporter” para que me permito remeter o leitor na impossibilidade de o
transcrever todo. Contudo, de algumas passagens dou mostra por nelas encontrar
o melhor fecho para estas despretensiosas linhas:
«Uma das doenças filhas do parlamentarismo é a que o nosso
querido Eça de Queiroz ainda ontem chamou aqui de “verborreia”. A “verborreia”
não tem nada que ver com eloquência; está para ela como na fábula, a rã quando
inchava a imitar o boi. E o pior, é que não estoira! A “verborreia” é a arte de
falar indefinidamente sem dizer nada, ou dizendo apenas sensaborias…
Desde que o palavreado é a mola principal do sistema, a
“verborreia” é a maior das forças: falou três horas, falou três dias, é um
homem!»
E diz-se que foi assim que alcançou a celebridade de “homem
máximo”, o sr. João Camoezas. Foi por um intenso ataque de “verborreia”!
Como raciocínio pessoal, a primeira vez que me interessei verdadeiramente por entender algo sobre política, por quem lá estava a gerir o nosso país, por quanto ou há quanto tempo, dei logo com a então afamada "frase do século" XIX:
«Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão!» Mas, esta da
"verborreia" confesso que o termo era até há bem pouco tempo para mim desconhecido.
E “eles” lá andam!... dizia-me alguém.
O (sr. Pacheco – nome fitício) é um deputado recentemente
eleito. Tem um filho muito esperto e que se quer instruir mais, saber tudo. Há
dias, perguntava ele ao pai:
- Ó Papá, o que é a lei da gravitação?
- Sei lá, meu filho! – respondeu o (sr. Pacheco - nome fitício).
- Esta criança pensa que tenho tempo para ler todas as
leis que se votam no parlamento!
Foram padres... analistas políticos ou... sábios?!
Para breve há mais.
Aquele Abraço