quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Despede-te de Agosto




REGRESSO

Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! Minha serra, dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois, o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso!


Miguel Torga – Diário VI (1963)




«SAUDADE»

As velas passam ao vento
Do mar, pela imensidade,
Como as velas da saudade
Pelo mar do pensamento.

Ter saudades... para quê?
- Para a luz surgir mais viva.
É mais belo o que se vê
Quando se tem perspetiva.

Saudade, disse um poeta:
- «É gosto amargo!» - também
O travo do pranto amarga
E que doçura que tem!

Ao Sol ardente de Agosto
Tem-se saudades do Inverno,
No mundo nada contenta,
Nada, por isso, é eterno!

A saudade é o cri-sol
Duma afeição bem sentida;
A saudade é como o Sol:
Ora queima, ora dá vida!

Poema de Maria de Carvalho 




Aquele Abraço

domingo, 28 de agosto de 2016

A POLÍTICA ROUBA SEMPRE… UM ESPACINHO NA ALMA ! (1)

... e faz-nos remexer páginas, em busca dos analistas de pensamentos doutrora!

Recortes à margem de «O ESPÓLIO DE FRADIQUE»

Ele (Eça de Queiroz) pensava assim:

(…) É interessante notar que em Portugal foi uma ditadura, uma ditadura com “sabre e pensamento” que em 28 de Maio de 1926, arrancou o poder das mãos de um partido que em regime constitucional o exercia tiranicamente. Eça confundiu os termos mas o seu pensamento ressalta claro e a sua solução simplista foi aquela a que tantas vezes Portugal tem recorrido para se ver livre das tiranias partidárias, até que um dia encontre uma organização política, assente na tradição nacional que Eça venerava e estimava, livre de Alemanha e França, da democracia que Eça criticou e a que atribuiu todos aqueles defeitos de uma sociedade falsa e podre de que se enjoou, e que consequentemente, soube escalpelizar.



A «VERBORREIA»

Para isso, chamo a vossa atenção para aquele “orgulho consciente” com que Eça de Queiroz se vangloria de ter descoberto uma expressão bem própria para designar a eloquência estéril e copiosa do então parlamento. Na célebre carta (28) dirigida a Oliveira Martins, dizia:
«A respeito de política, chamo a tua atenção para a nova palavra “verborreia” com que no artigo classifico a nossa eloquência “S. Bental”. »
A Oliveira Martins esse termo tão feliz e apto não passou despercebido, como demonstra o artigo deste publicado em 21 de Março de 1888 no “Reporter” para que me permito remeter o leitor na impossibilidade de o transcrever todo. Contudo, de algumas passagens dou mostra por nelas encontrar o melhor fecho para estas despretensiosas linhas:

«Uma das doenças filhas do parlamentarismo é a que o nosso querido Eça de Queiroz ainda ontem chamou aqui de “verborreia”. A “verborreia” não tem nada que ver com eloquência; está para ela como na fábula, a rã quando inchava a imitar o boi. E o pior, é que não estoira! A “verborreia” é a arte de falar indefinidamente sem dizer nada, ou dizendo apenas sensaborias…
Desde que o palavreado é a mola principal do sistema, a “verborreia” é a maior das forças: falou três horas, falou três dias, é um homem!»

E diz-se que foi assim que alcançou a celebridade de “homem máximo”, o sr. João Camoezas. Foi por um intenso ataque de “verborreia”!



Como raciocínio pessoal, a primeira vez que me interessei verdadeiramente por entender algo sobre política, por quem lá estava a gerir o nosso país, por quanto ou há quanto tempo, dei logo com a então afamada "frase do século" XIX: «Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão!» Mas, esta da "verborreia" confesso que o termo era até há bem pouco tempo para mim desconhecido.

E “eles” lá andam!... dizia-me alguém.

O (sr. Pacheco – nome fitício) é um deputado recentemente eleito. Tem um filho muito esperto e que se quer instruir mais, saber tudo. Há dias, perguntava ele ao pai:
- Ó Papá, o que é a lei da gravitação?
- Sei lá, meu filho! – respondeu o (sr. Pacheco - nome fitício).
- Esta criança pensa que tenho tempo para ler todas as leis que se votam no parlamento!


Foram padres... analistas políticos ou... sábios?!




Para breve há mais.
Aquele Abraço 



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Passeio Gaiato (Aula Andante)







Obrigado, Fausto, por não te esqueceres de nós e enalteceres o nosso trabalho.
Garanto-te que foi... por GRAÇA e AMOR!

Aquele Abraço

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Culinária: "Receitas Antigas de OVOS"



Aquele Abraço... a cheirar a ovos!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

domingo, 14 de agosto de 2016

Walking Class - Fotos (dispáros) do Evento


O rapaz é bom por natureza!

«Não há rapazes maus; mas é muito difícil torná-los homens bons, quando começamos tão tarde a conhecê-los. É no berço que se forma a criança, sobretudo crianças desta natureza.»

Pai Américo — Isto é a Casa do Gaiato








Educar pelo amor

«Nós somos todos feitos de amor, para amar. Cada um de nós é um milagre de amor, do Amor infinito de Deus; e uma vez dentro da vida, temos de a realizar… amando. […] Porque somos essencialmente feitos para amar, como os passarinhos o são para o firmamento e as abelhas para o mel. […] Todo o valor moral da nossa vida gira à roda deste verbo pequenino e imenso, o verbo amar, no infinito… infinitamente.» 

Pai Américo — Pão dos Pobres








Personalismo Educativo = Humildade

«Tenho aprendido coisas que dantes ignorava. A nossa Obra é escola mais dos que pretendem ensinar do que verdadeiramente dos que estão para ser ensinados. Se o rapaz tem tanto amor àquele Eu, que o não dá, nem troca nem quer que ele se misture ou confunda, que vamos nós fazer? Orientar. […]Ora nós aqui em Casa pretendemos que aquele que diz ‘sou eu’, seja na verdade ele. Ele totalmente, sim, mas humilde. Humildade.»

Pai Américo — Cantinho dos Rapazes








Exercício da liberdade e da responsabilidade

«Nós respeitamos absolutamente a liberdade de pensar e de dizer, inata na pessoa. Os rapazes podem dar as suas opiniões. É precisamente por isso que nós temos mais facilidades em conhecer, probabilidades em corrigir, maneiras de orientar. […] A liberdade é o maior [dom espiritual]. Deus cria o homem livre e respeita-lhe a liberdade. Chama feliz àquele que pode fazer o mal e não o faz; ao que pode transgredir e não transgride. Isto é: livre e libertino são palavras antagónicas. […] Eis a nossa escola ‘risonha e franca’.»

Pai Américo — Doutrina




«Com as últimas águas partem as árvores,
um sorriso é então todo o jardim...»  Eugénio de Andrade




Educar brincando, fazendo


«Não atrofiamos nem mortificamos os miúdos; corrigimos como quem brinca; e eles, a brincar, deixam-se corrigir. Os usos e costumes da Casa, que também é uma Escola, são ensinados aos que chegam pelos que estão.»

Pai Américo — Obra da Rua






O ambiente como metodologia educativa


«Há muita gente que pasma da nossa vida aqui dentro, tanto mais quanto mais de perto nos conhece e desejaria saber qual o método seguido. Mais pasmo eu porque não sou somente um observador; sou vivificador. Aqui não há métodos; é tudo de cor — quer dizer: ex-corde. A mãe nunca teve método de dar o peito ao filhinho.»

Pai Américo — Isto é a Casa do Gaiato





Dar a todos as mesmas oportunidades de formação

«Como a tendência da Obra é que sejam os próprios rapazes a conduzi-la, tem-se tido o cuidado de aproveitar os mais inteligentes de entre eles e dar-lhes um curso superior. Não é que queiramos fazer doutores, mas acreditamos absolutamente na competência e na supremacia do espírito; oferecemos mesmo todas as vantagens às vocações intelectuais que a Rua nos apresenta e procuramos equilibrar as suas dificuldades.»

Pai Américo — Obra da Rua






Nota Final

Foi muito enriquecedor e gratificante para um "filho" e uma "neta" da OBRA DA RUA ter realizado para vós, Gaiatos da atualidade, este singelo "evento desportivo e cultural", que embora feito com óbvias limitações, nos pareceu que todos gostaram. Na próxima, será melhor, com certeza! Obrigado a todos os participantes e "chefe" Hugo, bem como ao diretor da Casa!

Aquele Abraço


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Portugal a arder!



Ainda há dias comentava em "forma poética" sobre essas terras tão lindas, esses outrora meus "paraísos escondidos" por serem tão puros e intocáveis, e hoje vejo que tudo foi arrasado, tudo foi devorado pelas chamas, por ação dessas mãos criminosas, que apenas estão presas a "corpos de pedra" sem coração, sem sensibilidade e sem escrúpulos! Que Deus me perdoe, mas nestes momentos tão tristes para mim, vem sempre ao meu pensamento aquela figura de Sebastião José de Carvalho e Melo, que a meu ver, saberia ainda hoje - em praça pública! - fazer justiça de correção e ensinamento, que a breve prazo acabavam os incêndios todos. Essa "lei" à Pombal, faz hoje tanta falta!

Aquele Abraço... tão triste! 

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

"Ecos do Dia 17 de Julho" em Paço de Sousa





(Crónica de Manuel Pinto - Jornal "O Gaiato" nº 1889)

Sr. Manuel Augusto Pinto:

Você sabe o grande apreço que tenho por si, bem como um grande respeito e reconhecimento de estimável pessoa que é um exemplo vivo para todos nós, no que concerne à continuidade na Obra da Rua, concretamente na Casa de Paço de Sousa.
Mas, quero lhe dizer a si e a todos que lerem esta minha mensagem, que as suas crónicas publicadas no nosso jornal "Famoso" (à parte das da autoria dos nossos Srs. Padres) representam para mim, pela sua simplicidade e tão cheias de verdade e sublimes mensagens, o enquadramento doutrinal perfeito no "paragrafo 4 dos Estatutos da Editorial do «O Gaiato»" da autoria de Pai Américo:

«Aquele a quem Nosso Senhor deu o talento de escrever, escreva como quem reza. Prepare-se como quem vai falar de Deus. Só desta forma corresponde e faz valer o dom.» 

Um grande BEM-HAJA e que Deus lhe continue a dar muita saúde, em harmonia com a Paz!

Recordações de 2016 e de 1995:




Uma saudação especial para aqueles que não poderam estar presentes (como já me aconteceu a mim noutros anos) e gostaria de voltar a ver o José Rafael, o João Manuel Capela, o Sérgio Lopes Cereja, o Sabino Romeiro, o António e o Alberto da Conceição, o Manuel (Manelzinho), etc...

Aquele Abraço