sábado, 30 de novembro de 2013

... Nas mãos vazias do Povo !



Trova do vento que passa


Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça,
O vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas
E os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
Ai rios do meu país,
Minha pátria à flor das águas
Para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
Pede notícias e diz
Ao trevo de quatro folhas
Que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
Por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
Quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
Direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
Vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
Ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
Nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
Dos rios que vão pró mar
Como quem ama a viagem
Mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
Vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
E fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
Nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
Só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
À beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
Se notícias vou pedindo
Nas mãos vazias do povo
Vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
Dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
E o vento nada me diz.

Quatro folhas têm o trevo
Liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
Aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.


Poema de Manuel Alegre

sábado, 16 de novembro de 2013

ORNISHOW 2013 (Fotos do Evento)








Um Abraço à Organização e a todos os participantes.
Parabéns aos vencedores.
Destaco os concorrentes de S. Mamede de Infesta:
 o "Paulista" com a sua codorniz e em especial o meu amigo António Jorge Alves com 7 aves premiadas.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Assunto: Por isso,do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder.


(Diz a autora) :
Este é um texto longo, pouco facebook friendly, mas à falta de melhor sítio para expressar o que me vai na alma, aqui fica:

Vão-se foder.
Na adolescência usamos vernáculo porque é “fixe”. Depois deixamo-nos disso.
Aos 32 sinto-me novamente no direito de usar vernáculo, quando realmente me apetece e neste momento apetece-me dizer: Vão-se foder!
Trabalho há 11 anos. Sempre por conta de outrem. Comecei numa micro empresa portuguesa e mudei-me para um gigante multinacional.
Acreditei, desde sempre, que fruto do meu trabalho, esforço, dedicação e também, quando necessário, resistência à frustração alcançaria os meus objectivos. E, pasme-se, foi verdade. Aos 32 anos trabalho na minha área de formação, feliz com o que faço e com um ordenado superior à média do que será o das pessoas da minha idade. 
Por isso explico já, o que vou escrever tem pouco (mas tem alguma coisa) a ver comigo. Vivo bem, não sou rica. Os meus subsídios de férias e Natal servem exactamente para isso: para ir de férias e para comprar prendas de Natal. Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Mas faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar.
Vivo, com a satisfação de poder aproveitar o lado bom da vida fruto do meu trabalho e de um ordenado que batalhei para ter.
Sou uma pessoa de muitas convicções, às vezes até caio nalgumas antagónicas que nem eu sei resolver muito bem. Convivo com simpatia por IDEIAS que vão da esquerda à direita. Posso “bater palmas” ao do CDS, como posso estar no dia seguinte a fazer uma vénia a comunistas num tema diferente, mas como sou pouco dado a extremismos sempre fui votando ao centro. Mas de IDEIAS senhores, estamos todos fartos. O que nós queríamos mesmo era ACÇÕES, e sobre as acções que tenho visto só tenho uma coisa a dizer: vão-se foder. Todos. De uma ponta à outra.
Desde que este pequeno, mas maravilho país se descobriu de corda na garganta com dívidas para a vida nunca me insurgi. Ouvi, informei-me aqui e ali. Percebi. Nunca fui a uma manifestação. Levaram-me metade do subsídio de Natal e eu não me queixei. Perante amigos e família mais indignados fiz o papel de corno conformado: “tem que ser”, “todos temos que ajudar”, “vamos levar este país para a frente”. Cheguei a considerar que certas greves eram uma verdadeira afronta a um país que precisava era de suor e esforço. Sim, eu era assim antes de 6ª feira. Agora, hoje, só tenho uma coisa para vos dizer: Vão-se foder.
Matam-nos a esperança. 
Onde é que estão os cortes na despesa? Porque é que o 1º Ministro nunca perdeu 30 minutos da sua vida, antes de um jogo de futebol, para nos vir explicar como é que anda a cortar nas gorduras do estado? O que é que vai fazer sobre funcionários de certas empresas que recebem subsídios diários por aparecerem no trabalho (vulgo subsídios de assiduidade)?… É permitido rir neste parte. Em quanto é que andou a cortar nos subsídios para fundações de carácter mais do que duvidoso, especialmente com a crise que atravessa o país? Quando é que param de mamar grandes empresas à conta de PPP’s que até ao mais distraído do cidadão não passam despercebidas? Quando é que acaba com regalias insultuosas para uma cambada de deputados, eleitos pelo povo crédulo, que vão sentar os seus reais rabos (quando lá aparecem) para vomitar demagogias em que já ninguém acredita?
Perdoem-me as chantagem emocional senhores ministros, assessores, secretários e demais personagem eleitos ou boys desta vida, mas os pneus dos vossos BMW’s davam para alimentar as crianças do nosso país (que ainda não é em África) que chegam hoje em dia à escola sem um pedaço de pão de bucho. Por isso, se o tempo é de crise, comecem a andar de opel corsa, porque eu que trabalho há 11 anos e acho que crédito é coisa de ricos, ainda não passei dessa fasquia.
E para terminar, um “par” de considerações sobre o vosso anúncio de 6ª feira.
Estou na dúvida se o fizeram por real lata ou por um desconhecimento profundo do país que governam. 
Aumenta-me em mais de 60% a minha contribuição para a segurança social, não é? No meu caso isso equivale a subsídio e meio e não “a um subsído”. Esse dinheiro vai para onde que ninguém me explicou? Para a puta de uma reforma que eu nunca vou receber? Ou para pagar o salário dos administradores da CGD?
Baixam a TSU das empresas. Clap, clap, clap… Uma vénia! 
Vocês, que sentam o já acima mencionado real rabo nesses gabinetes, sabem o que se passa no neste país? Mas acham que as empresas estão a crescer e desesperadas por dinheiro para criar postos de trabalho? A sério? Vão-se foder.
As pequenas empresas vão poder respirar com essa medida. E não despedir mais um ou dois.
As grandes, as dos milhões? Essas vão agarrar no relatório e contas pôr lá um proveito inesperado e distribuir mais dividendos aos accionistas. Ou no vosso mundo as empresas privadas são a Santa Casa da Misericórdia e vão já já a correr criar postos de trabalho só porque o Estado considera a actual taxa de desemprego um flagelo? Que o é. 
A sério… Em que país vivem? Vão-se foder.
Mas querem o benefício da dúvida? Eu dou-vos:
1º Provem-me que os meus 7% vão para a minha reforma. Se quiserem até o guardo eu no meu PPR.
2º Criem quotas para novos postos de trabalho que as empresas vão criar com esta medida. E olhem, até vos dou esta ideia de graça: as empresas que não cumprirem tem que devolver os mais de 5% que vai poupar. Vai ser uma belo negócio para o Estado… Digo-vos eu que estou no mundo real de onde vocês parecem, infelizmente, tão longe.
Termino dizendo que me sinto pela primeira vez profundamente triste. Por isso vos digo que até a mim, resistente, realista, lutadora, compreensiva… Até a mim me mataram a esperança.
Talvez me vá embora. Talvez pondere com imensa pena e uma enorme dor no coração deixar para trás o país onde tanto gosto de viver, o trabalho que tanto gosto de fazer, a família que amo, os amigos que me acompanham, onde pensava brevemente ter filhos, mas olhem… Contas feitas, aqui neste t2 onde vivemos, levaram-nos o dinheiro de um infantário. 
Talvez vá. E levo comigo os meus impostos e uma pena imensa por quem tem que cá ficar. 
Por isso, do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder. 
  
Texto original:

Moral desta história :  

... e quem não gosta... deixa na beira do prato, né???

domingo, 10 de novembro de 2013

Falas por S. Martinho



Pipas algas nos barcos do rio,
Estão chegando perto do Porto,
Com gosto num belo desafio:
Beber o vinho e não ficar torto.

Suponho ser puro vinho novo,
Para as boas castanhas regar,
Naquele estômago do Zé Povo,
Que depois ficará a cantar.

Na adega fresquinha pipa rola,
Devagar... queria ir com pressa,
Vazar por sorteio «totobola».

- Vai, que ninguém por melhor te meça,
Enquanto soa tom de viola:
O bom vinho sai, vai e regressa.

Poema de Vasco de Almeida Martins


A TODOS desejo um Bom S. Martinho!

Aquele Abraço


sábado, 2 de novembro de 2013

Dia dos Fiéis Defuntos - 2013


O Dia de Finados ou Dia do Mortos, é celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de Novembro, que em Portugal denominamos de o “Dia dos Fiéis Defuntos”.
É celebrada em muitos países, e algumas religiões, como a protestante, não reconhece o dia de Finados como uma celebração, pois alegam que a data não vem na Bíblia Sagrada.




Origem de Finados


Há registos que já no século II, os cristãos rezavam pelos seus falecidos, visitando os seus túmulos para lhes rezar, e no século V a Igreja já dedicava um dia do ano para rezar aos mortos e estes serem lembrados.
A partir do século XI a Igreja Católica decretou às comunidades a dedicarem um dia aos seus mortos, ficando estabelecido o dia 2 de Novembro para este fim religioso.
Em Portugal as pessoas geralmente deslocavam-se ao cemitério em especial para homenagear os seus mortos no dia 1 de Novembro – de Todos os Santos - que até ano passado era Feriado Nacional Religioso. Infelizmente este feriado foi retirado do calendário nacional pelo atual governo e quem quiser ir terá mesmo que o fazer no fim-de-semana.

Fiz alguma recolha literária sobre este tema e aqui deixo alguns registos antigos bem interessantes, assim como um poema de António Nobre.






QUANDO CHEGAR A HORA

Quando eu, feliz! Morrer, oiça, Sr. Abade,
Oiça isto que lhe peço:
Mande-me abrir, ali, uma cova à vontade,
Olhe: eu mesmo lha mereço...

O coveiro é podão, fá-las sempre tão baixas...
O cão pode lá ir:
Diga ao moço que tem prática das sachas,
Que ma venha ele abrir.

E o sineiro que, em vez de dobrar a finados,
Que toque a Aleluia!
Não me diga orações, que eu não tenho pecados:
A minha alma é dia!

Poema de António Nobre ( o «Só» )

Aproveito para dar um abraço a todos que perderam familiares e amigos e que sentem a sua falta.