segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vale do Rio Picotos (1)

S. Mamede de Infesta















Os Amigos

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria -
por mais amarga.

Eugénio de Andrade

Vale do Rio Picotos (2)

S. Mamede de Infesta




Quase epitáfio

O outro sabia.
Tinha uma certeza.
Sou eterno, dizia.

Eu não tenho nada.
Amei o desejo
com o corpo todo.

Ah, tapai-me depressa.
A terra me basta.
Ou o lodo.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

5ª Edição da Matança do Porco (1)

Freguesia de Mondim de Basto 2011

A Matança do Porco

Vai uma festa em casa – um alarido!
Trocam-se brados, há rumor de louça.
E entre o cruzar dos pratos e das ordens,
Surpreende-se um fulgor desconhecido
No olhar da gente moça.

Vai uma festa em casa... e a faca desce
- desce direita ao coração do porco.
Ouvem-se roncos surdos. E o animal,
De súbito atingido, cai de borco,
Já sufocado p’lo estertor final.

Cheira a chacina. Na lareira canta
Um grande fogo – um fogo tutelar.
No entanto, nada me perturba e espanta
Como o afiar das facas no alguidar.

Mostram-se os dentes, batem uns nos outros.
Não cuidem que é apenas a fartura!
Bravios como potros,
A pobre boca já não os segura.

Assada ou crua, querem uma presa,
- querem rasgar, morder raivosamente!
E a barafunda continua acesa,
Não há poder que tenha mão na gente!


Somos irmãos dos bailarins da lenda.
Matou-se o porco. E na folia doida
Não pode haver cansaço que nos renda!
Anda connosco tudo, tudo, à roda!

Matou-se o bácoro. Oh, que apelo enorme
À fúria de mandar, de ser senhor!
O espírito ancestral, se ainda dorme,
Vai acordar como um dominador!

E as facas no alguidar entoam a inventiva
Que fuzilando nas pupilas erra.
Desejos de morder! Odor a carne viva!
Que é do inimigo? Então quem rompe a guerra?

Da noite das Origens cresce um coro,
- o coro dos avós de antigamente.
Matou-se o porco. E o eco do imorredouro
Toma expressão de súbito na gente.

Matou-se o porco. Ó génios da lareira,
Dependurái a citara e saí.
Cheira a chacina. A mortandade cheira.
A paz que vós cantais fugiu daqui!

Matou-se o porco. E no cachão que nos anima,
Poesia-heroica, o teu favor exoro!
Sede comigo vós, Oitava-rima!
Valei-me, ó Decassilabo sonoro!

Poema de António Sardinha

Continua...

5ª Edição da Matança do Porco (2)

Freguesia de Mondim de Basto 2011

Caminhada com cerca de 12 km. Participaram 159 Pedestrianistas

FOTOS DO EVENTO





















Continua...

5ª Edição da Matança do Porco (3)

Freguesia de Mondim de Basto 2011

O Fim de tanta beleza natural de Mondim de Basto


Tâmega - Barragem de Fridão

(Barragem rouba lares a famílias do Tâmega - 56 casas afetadas)


“Bom dia, são da EDP?”. A interrogação de Maria Carvalho, 67 anos, é pertinente e é por isso que confunde a equipa de reportagem do GRANDE PORTO com os técnicos que, no domingo passado, estiveram em Vilar de Viando, Mondim de Basto, a anunciar a Barragem de Fridão...

Em Vilar de Viando, a Barragem de Cabril, que deverá estar em funcionamento em 2015, irá afectar a Ponte Medieval, a Capela do Senhora da Ponte e uma outra ponte que data do Estado Novo.

Apenas os dois primeiros equipamentos serão desmontados e transladados para outro local, ainda por definir. No total dos cinco municípios afectados com a construção da albufeira da barragem, contam-se 56 habitações que terão de ser abandonadas. (...)

Saiba mais em Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega (MCDT):
http://artigosediscussao.blogspot.com/2011/01/tamega-barragem-de-fridao-barragem.html

Continua...