quinta-feira, 28 de julho de 2016

Conservação da Natureza 2016


A Criação do Mundo 
(Sexto Dia)




Miguel Torga


Os Passadiços do Paiva (na vertente do Areinho)



O Paiva e a “Arouquesa”

Naquele tempo, - quantos fins-de-semana! – punha-me a pé bem cedinho, ás vezes debaixo de nevoeiro cerrado aqui pelo Porto, mas eu, crente, metia-me por aí fora em direção de Arouca. Tomava-se o pequeno-almoço na região e dirigia-me rapidamente e sem perder tempo para a estrada que leva a Telhe, para atravessar o Rio Paivô, afluente do Paiva, na ponte da aldeia que lhe dá o nome, Ponte de Telhe.




Num ápice estava em Janarde, ou melhor, no caminho regional próximo ao paradisíaco “Areinho de Janarde” e estacionava o carro debaixo dum frondoso carvalho mesmo à entrada do carreiro que desce e leva ao leito do Rio Paiva. Embora aqui com pouco caudal e temperatura excelente, o fundo é predegolhoso e com seixos muito escorregadios, ao qual para perfeito equilíbrio tinham que se adaptar pessoas e animais, porque os peixes que se avistavam a olho nu, esses estavam no seu mundo natural e nadavam harmoniosamente. Atravessávamos a vau – raramente a água chegava aos joelhos – munidos de toalha e um guarda-sol e algumas coisas mais indispensáveis, como as seladas e bebidas num balde com gelo, atracava neste outro “paraíso escondido” das águas do Paiva, esse rio imponente e tão afável, que guardarei sempre no meu coração!




Depois do primeiro banho, esticava-me sobre a toalha e… cochilava… e sonhava…
Mas, sempre por volta das onze/meio-dia, um som de chocalho já bem meu conhecido, entoava nos meus ouvidos, que pressentia ainda estar longe, e despertava-me, dizendo para mim mesmo: - Já lá vem “ela”! Espero que me venha cumprimentar aqui junto do guarda-sol! Será hoje que me deixa tocar-lhe?!





Mas, não! Olhava-me uns breves instantes fixamente e enquanto enxotava com a cabeça e a cauda as moscas que a afugentavam, encaminhava-se direitinha para o mesmo local de travessia do leito do Paiva e nunca eu antes a tinha visto nem ela a mim.





Deixa estar – dizia para comigo – não forces nem alteres o que ainda resta nesta região sagrada e inóspita, com os seus usos e costumes e a sagrada Natureza ainda te podem oferecer!
Esta vaquinha amarela fazia-me recordar os meus tempos de infância e adolescência, quando fugia para os campos, para junto dos animais e do fascínio da Natureza!






E foi assim, durante anos, mais um episódio… a visita da “arouquesa” naquele outro meu “paraíso escondido”, na praia do Areinho em Janarde, uma pequenina aldeia de Arouca, nas margens do Paiva.




O meu poema preferido sobre o RIO PAIVA





Testemunhos de alerta e preocupação com a Natureza… Hoje!




Também podes ver aqui:





E deixo ainda (na perspetiva de um Futuro promissor!) este belíssimo poema:

SOBRE UM TRISTE RAIZEIRO

Sobre um triste raizeiro

À beira do caminho
Nascerá um pinheiro
Com bagas de azevinho

Com bagas de azevinho,
De louro ou medronheiro,
Sobre um triste raizeiro
À beira do caminho
Nascerá um pinheiro.

Poema de : Santos Kim


Aquele Abraço

segunda-feira, 25 de julho de 2016

60 anos da Morte do Padre Américo (2)


























« A MINHA OBRA COMEÇA DEPOIS DE EU MORRER!» ... Pai Américo


Aquele Abraço







quinta-feira, 21 de julho de 2016

Dia do Amigo(a) 2


«60 Anos da morte de Pai Américo»

Palavras de Pai Américo

Vou-te dizer aqui como vejo a Aldeia dos Rapazes:
Sem receio de que me leves a palma ou roubes a patente;
Se amas, és bem vindo!
Se não, embora venhas, não fazes coisa nenhuma!
Vejo uma grande quinta murada, bosques, água, pastagens,
Chão de cultura, Casas de luz e ar para famílias de vinte.
Escolas. Igreja. Ruas para Oficinas. Trabalho. Brio.
Independência. Responsabilidade.
O Rapaz. Para o Rapaz. Pelo Rapaz.
O funcionário clássico não tem lugar na Aldeia.
Não há ninhos, nem cunhas, nem o suspirado fim-do-mês!
Nem sindicâncias!



"Pensamentos extremos" - (1)



«Cinco Amores»

Naquela aldeia, há anos, por um caminho
Deveras longo, com saibro lamacento,
Com dores e caminhando à chuva e ao vento
Vinha pela mão dum Padre um rapazinho.

Não sabia ...........................................!
Com olhar inocente e encantamento
Só chorava e espelhava o sofrimento
Do que passou por ser tão pobrezinho!

Passado tempo, já não tinha dores.
E disse a todos: - Tenho cinco Amores!
É tudo o que preciso e até sobeja:

- Tenho esta Casa cheia de beleza!
- Gosto de ser Gaiato e da Natureza!
- Ando na Escola e rezo numa Igreja!

(este poema foi publicado no jornal "O Gaiato" nº 1891)
Sê mais um assinante deste jornal:
http://www.obradarua.org.pt/index2.php?accao=op10







"Pensamentos extremos" - (2)

« o Erro »

Passados anos, regresso ao que fui eu.
Dessa distância sinto-me lembrado
Quando parti num sonho do passado
P'ra conquistar um mundo que era meu.

Cego e crente nessa velha história:
"Lá fora é fácil! Tu vais ver que gostas!"
Ninguém ouvi e nem a palmatória
Me impediu de sair, de virar costas.

Louco por .................................,
Fugi! E era ainda rapaz novo...
Vida de enganos foi o que vivi!

E hoje vejo o erro na lembrança!
Óh! Quem dera voltar a ser criança
E não cometer o erro que cometi!





(Fotos do Tony - irmão do Rui)

Ao Amor que te arrasta:

Se a estrada que percorres é de Paz
E Justiça! E Justiça! Irei contigo!

Se a Esperança cai desfeita a teus pés
Recomeça! Recomeça! Irei contigo!

Aquele Abraço