quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Barca de Pedorido (1)



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A Barca de Pedorido (2)

A Freguesia de Pedorido...

A mais distante do Concelho de Castelo de Paiva, situa-se na margem esquerda do Rio Douro e está inserida no Distrito de Aveiro. Tem 11 km de extensão e nela vivem menos de 2000 fregueses.
O Orago desta terra é Santa Eulália, também uma Padroeira dos mineiros.
Foi uma das primeiras Freguesias da Terra ou Julgado de Paiva, conforme documentos dos sec. X e XI que assinalam este Concelho.
Há várias etimologias sobre a origem do nome desta Freguesia e uma delas, anterior ao sec. XII, é Pedraído ou Petraído, que definia o território acidentado e pedregoso ao longo do vale do Rio Arda. Um documento do sec. XI descreve a antiga Igreja de Santa Eulália situada em Pedourido.
À entrada da Junta de Freguesia podemos admirar a antiga locomotiva “Pedorido” com potência de 70 cavalos que, como alguns sabem, funcionava nas Minas do Pejão onde operava uma linha de 600 mm com diversos locos de vapor de “Oreinstein & Koppel” até aproximadamente ao ano de 1970.
Outras três locomotivas iguais estão num museu da Grã Bretanha.
Adiante da Ponte centenária e próximo do cais do Rio Arda existe o espaço de laser onde se encontra o sempre improvisado restaurante “Jardim do Arda” onde se come e bebe bem e que tem nas paredes expositores com “fósseis trilobites” designados mais concretamente por pedras de antracite provenientes das Minas do Pejão... e também a Tasquinha, entre outros.
Relaxando, podemos admirar o Rio Arda, esse maravilhoso rio que nasce e irriga as férteis terras de Arouca em suave andamento mas, tem um esforço natural suplementar até à foz para atravessar os quartzitos rochosos do flanco ocidental e com bucólico romantismo vir a Pedorido confluir com o Douro.

Sobre Pedorido, dizia Pinho Leal no seu dicionário “Portugal antigo e moderno”:
(…) esta Freguesia foi, durante muitos anos, excelente zona de pesca fluvial e compunha-se de duas povoações : Pedorido e Póvoa ; de duas quintas : Fornelo e Germunde ; e dois casais : Parada e Areja.
Todavia, o povo daqui, distingue a aldeia de Pedorido sob diversos nomes : Igreja, Nogueira do Rio, Costa, Congosta, etc…
Em “Nogueira do Rio”, existia uma estalagem denominada “Maria de todo o Mundo” – boa mulher, natural da Régua, chamada Maria do Nascimento (…)
Encontra-se esta Freguesia incluída na “Zona Carbonífera do Couto Mineiro do Pejão”cuja exploração de carvão em Pedorido (poço de Germunde) encerrou em 1994 por decreto do Governo.
Deixou muita gente no desemprego e as dificuldades repercutiram-se em muitas famílias até aos dias de hoje.
Agora, a sua economia assenta na Agricultura e Indústria (calçado, construção civil, mobiliário, metalomecânica, etc) localizada na Zona Industrial de Lavagueiras, com cerca de uma dúzia de empresas e onde laboram cerca de 500 operários.
Do seu património monumental evidenciamos a Igreja Matriz de Santa Eulália, que foi inaugurada a 14 de Agosto de 1949.

Fontes: J.F.Pedorido/C.M.Castelo de Paiva

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A Barca de Pedorido (3)

Recordando...

O TRILHO DAS MINAS DO PEJÃO

Era dia 5 de Outubro de 2006 e comemorei os noventa e seis anos da revolucionária Implantação da República em Portugal, caminhando ao longo do Vale do Arda.
Quilómetros calcorreados e no Meirão, com a ponte derrubada, o rio transfigura-se do seu carácter manso e acolhedor para um cariz mais selvagem, obrigando-me a transpô-lo com auxílio das cordas.
Uma subida acentuada conduz ao miradouro de S. Domingos. Janela que se abre ao Mundo com tonalidades românticas e bucólicas. Cura milagrosa é essa Paz que lá se sente.
Estou a lembrar-me e lágrimas marotas escorrem – me pela face.
Embriegados pelo perfume das tileiras junto do campanário que o santo vigia, os caminheiros Restauradores foram os romeiros que desceram as colinas e se exilaram na profundeza das minas húmidas, onde a silicose deixou rastos impossíveis de ocultar.
Na reflexão desta hora, um barco navegava no rio que dizem levar ouro e na Quinta da margem que ele beija, sessenta taças ergueram-se aos céus de Pedorido, homenageando os mártires que o carvão dizimou.

As Minas e a Quinta de Germunde

A Zona Carbonífera do Couto Mineiro do Pejão estende-se geograficamente pelas freguesias de Raiva, Paraíso e Pedorido. O pólo de Pedorido iniciou a extracção em 1886 e encerrou a actividade em 1994, por deliberação do Governo. Durante mais de cem anos, trabalharam nestas minas dezenas de operários e foram extraídas quantidades incalculáveis de carvão, que era transportado pelo Rio Douro em típicos barcos de grande tonelagem – o Rabão Negro, da família dos Rabelos– desde as minas do Pejão até à Fábrica de Briquetes no esteiro de Campanhã, onde sofria transformações e era comercializado.
Foi durante longos e árduos anos a principal fonte de receita de muita população do Concelho de Castelo de Paiva, nomeadamente: Pedorido, onde se localizam as minas, Póvoa, assim como de muita gente de Raiva, Rio Máu e Sebolido, estas duas freguesias da margem direita do Douro.
Oxalá o seu actual proprietário, Dr. José Alberto Amorim, concretize o sonho de vir a construir um deslumbrante empreendimento turístico (Turismo Rural) nesta quinta maravilhosa, bem como recuperar as galerias das minas e criar o "Museu das Minas", para bem de todos!

O “Berto” e a Barca... Testemunhos da SILICOSE

Com a visita ao COMPLEXO MINEIRO DE GERMUNDE / PEJÃO, fiquei a compreender melhor a história do “Berto” de Sebolido, que foi mineiro do Pejão, onde ganhava o salário com que sustentava a mulher e os cinco filhos. Vinha da outra margem do Rio Douro, onde atravessava de barca do cáis de Rio Máu e desembarcava junto ao choupal das Concas, em Pedorido.
Trazia sempre ao peito uma medalha com a imagem de Santa Bárbara, a sua Padroeira.
Porém, ao fim de alguns anos, o “Berto” já não levava para casa só o salário. Como árvore de longos braços “enforcada” aos seus pulmões, o “Berto” carregava também essa terrível doença crónica e incurável, causada pela contínua inalação do pó, conhecida por silicose.

Um dia, como tantos outros, o “Berto” trabalhava nas profundezas da mina e... sentiu-se mal. Encostado à vagona do carvão começou a vomitar sangue...tanto sangue que quase encheu uma lata que ali estava.
Devoto dependente da sua arte, o “Berto” trabalhou até poder, mas naquele dia o seu corpo vacilara.
Envolto num lençol, o “Berto” atravessou pela última vez de barca o Rio Douro.

Elísio Rodrigues

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A Barca de Pedorido (4)

Trilho das Minas do Pejão

(Recordações de 5 de Outubro de 2006)
Ainda te lembras?






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A Barca de Pedorido (5)

Pedorido...uma terra agradável para visitar!

As paisagens deslumbrantes das margens dos rios Douro e seu afluente Arda, os vales, a Serra da Boneca e o Monte de S. Domingos, são alguns exemplos de oásis imponentes que nos miradouros os nossos olhos se podem deliciar.

Para quem gostar de passear caminhar ao longo de um “Trilho”(circular) com uma beleza natural, então junta o agradável ao relaxe turístico/desportivo.
No final, um saboroso almoço... pois não falta onde comer.
Reservem um Domingo familiar e vão a Pedorido.

Visitem Pedorido e estou ciente de que vão adorar!

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A Barca de Pedorido (6)

Mineiros do Pejão

Conto... arrepiante!

O Maneta e o Marto são os primeiros destacados para a camada na travessa oito. Ali o calor é tal, vindo do carvão incandescente que sufoca. O ar carrega-se de tufo só sendo possível escavar no máximo duas horas seguidas. Uns carregam grossos toros de pinho que levam aos ombros para as frentes afim de escorar as marcas, parecem formigas a transportar comida para o formigueiro. Outros carregam à pá os carros de mão e despejam-nos num caleiro também em madeira, que o guia até as vagonetas. Estas os elevadores levam cheias para cima e simultaneamente trazem as vazias para baixo. Os mineiros já não são homens, são prisioneiros em trabalhos forçados, a única diferença é a ausência de corrente nos pés, mas há outras invisíveis ainda mais fortes, aquelas que os prendem ao destino fatal. De vez em quando uma lasca afiada corta-lhes as mãos então, é com urina que desinfectam as feridas, depois o pó acumula-se e faz o resto. Mais uma cicatriz negra para o resto da vida, mais uma marca, a marca do diabo. As horas avançam inclementes na profundeza do subsolo. Os homens numa azáfama constante picam e acartam o carvão de lado para lado. Com as mãos negras limpam o suor das testas. Rangem as madeiras dos quadros. Uns, serram grossos paus de pinho e vão escorando o tecto da marca. O tufo mal deixa respirar denso que é, por momentos os homens deixam de se ver uns aos outros quando o carvão se desprende do tecto e rola pela galeria abaixo. Está a correr bem, tudo indica ser um dia igual a tantos outros, a manter-se assim hoje vai dar prémio.De repente, a terra cede, toneladas de pedras desabam sobre a camada e sobre os dois mineiros, envolvendo o ambiente em ensurdecedor estrondo. O Tufo abarca a cena, o pó negro fica a pairar no ar fechando a vista do Mota o encarregado que correu apressado desde o poço mestre, com outros mineiros. A ténue luz do gasómetro não consegue rasgar semelhantes trevas. Na alma do Mota, desenha-se já a tragédia quando finalmente a nuvem se dissipa. O espectáculo que se lhe depara é dantesco e aterrador.

As pedras negras fizeram um monte enorme e no meio desta entulheira, sobressaía a mão do Maneta crispada a sair da terra num derradeiro apelo. Do Marto nem sinal, certamente ficou enterrado mais fundo, o fio de sangue que corre vindo do meio do carvão deixa adivinhar o sucedido. O Mota benze-se e começa a rezar o Pai-nosso. O tempo perdeu-se nesta hora, gastou-se por encantamento. Entretanto o Pestana chegou aflito e, ao deparar com este espectáculo horrível não consegue conter a revolta. Que crime nós cometemos para sermos tão duramente castigados!? Diga-me senhor Mota, o que foi que eles fizeram para serem sepultados vivos? Ninguém faz isto a ninguém, não há direito! Somos tratados como bichos!? Nem Deus nos ajuda, até Ele tem vergonha da gente. Abandonou-nos a esta infeliz sorte, e nós rezamos senhor Mota! Todos os dias desfiamos o terço a louvá-lo! Diga-me, onde é que ele se meteu hoje!? Olhe para ali , aquilo é sangue, sangue de gente, sangue humano, igual ao seu e ao dos filhos da mãe que nos governam. Mas o deles não corre vermelho pela terra preta, está protegido em Lisboa pela sua camarilha, a engrossar à custa da gente. Não fique ai parado, vá ao escritório telefonar para a pide, diga-lhes que sou da oposição como fez com o filho do Chico Duarte, o Manel Alegre!? Vá lá que eu não me importo, se lutar por uma vida digna é ser opositor, então eu sou com muita honra!O Mota nem sequer falou, virou as costas e foi a caminho do escritório. As lágrimas correm pelo rosto do mineiro e a comoção embargam-lhe a voz. Encostou os ombros às madeiras dos quadros e chorou como um menino enquanto erguia as mãos ao céu e pedia perdão a Deus entre soluços. Mais tarde, ele o Faísca, traziam debaixo do braço dois lençóis brancos e piedosamente embrulharam os corpos dos companheiros. Do Maneta, foi-se o ódio acalentado no peito prestes a brotar. Do Marto, foi-se a ignorância das coisas que lhe tocavam de perto. Mortos, enterrados vivos, desenterrados pelos camaradas, recolheram à morgue seminus e negros...

Autor: CONTOS “À BEIRA DO DOURO”
(Alquimista de Melres)

Mais recordações de Pedorido (Valdemar Marinheiro)
Pedorido=Duas Pontes

http://rioconversasdentrodeagua.blogspot.com/2009/12/1-2-3.html

... e o site da J.F. de Pedorido:
http://www.ciberjunta.com/pedorido.html

Até à próxima

Aquele Abraço

quarta-feira, 14 de julho de 2010

AJUDA A SALVAR O TÂMEGA!

DIVULGAÇÃO

Com pedido de divulgação o mais ampla possível (chancelado pela Quercus e Pró-Tâmega):

«A Barragem de Fridão no rio Tâmega é a maior ameaça ao desenvolvimento sustentável da região nas suas vertentes ambiental, social, económica e à segurança da cidade de Amarante.»

A QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Associação Cívica Pró-Tâmega têm o grato prazer de o convidar a tomar parte no Jantar «SALVAR O TÂMEGA!», a ter lugar pelas 20H00 do dia 16 de Julho de 2010 (sexta-feira) no Salão de Banquetes do edifício TOP, na cidade de Amarante.
Este evento tem como objectivos dar conhecimento das iniciativas cívicas levadas a efeito com vista a salvar o Tâmega e à angariação de fundos para apresentação de um recurso judicial de impugnação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) da Barragem de Fridão.»

O jantar irá decorrer no Salão de Banquetes TOP na cidade de Amarante e terá um custo por cabeça de 15 € dos quais 5 € reverterão a favor da causa.

As coordenadas para GPS são:
41 . 17 . 09 . N
8 . 05 . 18 . W

A morada é:
Rua Agostinho Gonçalves de Abreu - Edíficio TOP - Amarante.

As inscrições deverão ser feitas para o e-mail:
https://mail.google.com/mail/h/1f3elwe7p2u0a/?v=b&cs=wh&to=quercus.vila.real.viseu@gmail.com

e o pagamento poderá ser feito com transferência para o NIB:

0035 0906 0007 8058530 83 - Caixa Geral de Depósitos (QUERCUS -Núcleo de Vila Real e Viseu)

Para efeito de marcação de presença neste encontro, os contactos preferenciais disponíveis são:

João Branco (964534761) - QUERCUS - Vila Real
Eng.º Luís van Zeller (914791651) - Pró-Tâmega - Amarante
Fernando Gomes 961873539 - Junta de Freguesia - Mondim de Basto

p.s. Não poderei estar presente. No entanto, solicito a todos a divulgação e adesão a este evento.

Aquele Abraço

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Andebol de Praia em Espinho

DIVULGAÇÃO




Vamos lá todos a assistir a este maravilhoso espectáculo desportivo!

Aquele Abraço