terça-feira, 28 de julho de 2009

28 de Julho de 2009

Dia Nacional da Conservação da Natureza

A Palavra

Falo da Natureza.
E nas minhas palavras vou sentindo
A dureza das pedras,
A frescura das fontes,
O perfume das flores.
Digo, e tenho na voz
O mistério das coisas nomeadas.
Nem preciso de as ver.
Tanto as olhei,
Interroguei,
Analisei
E referi, outrora,
Que nos próprios sinais com que as marquei
As reconheço agora.

Poema de Miguel Torga

sexta-feira, 10 de julho de 2009

18-02-2007 Matança do Porco (1)

MONDIM DE BASTO

Reviver a tradição da Matança do Porco

A freguesia de Mondim de Basto irá realizar no dia 18 de Fevereiro, uma matança do porco, como forma de reviver das tradições desta terra. Integrado no seu plano de actividades, a iniciativa irá simular os rituais tradicionais da matança do porco, servindo também para os mais novos, que não estão familiarizados com esta tradição, seguirem todos os passos da matança. Para os mais idosos, este evento constitui uma oportunidade de repetir gestos ancestrais, embora em algumas casas se faça ainda a matança do porco. Este evento proporcionará um recuo no tempo para recordar o dia de festa e azáfama, sempre que havia a matança do porco.
Nesta primeira iniciativa, trata-se de reconstituir uma tradição, não será pela manhãzinha e será um pouco mais tarde do habitual.O animal será atado por uma perna, enlaçado no focinho e colocado em cima do carro de bois, a grunhir, sem conseguir fugir à sorte que lhe esta destinada. Com a ajuda de outros homens, o matador irá simular com precisão, a grande facada no pescoço. Na matança real, quando o animal é morto, os guinchos do animal são essenciais para que o sangue saia todo e são sinal de que a espetada foi no sítio certo e não fica uma gota de sangue .O alguidar segue para a cozinha onde o sangue será cozido para daqui a pouco, ser levado como pitéu, juntamente com broa, o bacalhau, e vinho tinto.Depois de “extinto” faz-se uma pausa e é servido o mata-bicho (figos secos, aguardente, vinho do porto, bolos e café). Foi o dejejum (deixar de estar em jejum) daquele dia. Porém, a tarefa não esta terminada.

Prossegue o trabalho ali mesmo sobre o carro, o porco é chamuscado com a caruma do pinheiro em chama para lhe queimar o pêlo, começando a tarefa de lhe raspar a pele com telha de barro de canudo (meia cana), facas e outros objectos. Depois de bem queimado, retirados os cascos das patas e cortadas as orelhas, segue-se a lavagem da pele, até adquirir uma tonalidade castanha.Inicia-se uma nova fase com uma facada longitudinal no ventre do animal, retirando-lhe as miudezas e as tripas que são colocadas num tabuleiro de madeira. De seguida o porco é levado para o local onde o chambril, espécie de cruzeta de metal (antigamente era de pau de oliveira), cujas pontas são enfiadas entre os tendões dos pés, dependurando-se a carcaça de cabeça para baixo, para melhor escorrer. Em tempos idos, a carcaça ficava dependurada num lugar fresco a escoar até ao dia seguinte, quando seria desmanchada. A operação da desmancha requer muita experiência para não desperdiçar nenhum pedaço. Há que separar cada parte do porco: presunto, costeletas, os lombos e o “toucinho para as favas”, assim como a selecção da carne destinada aos enchidos. Desde tempos imemoriais que muitas famílias rurais criam porcos para consumo familiar. A dureza dos tempos assim obrigava para garantir a sobrevivência de famílias durante todo o ano. Ao longo de muitos séculos, a prática foi-se enraizando de forma acentuada nas famílias portuguesas, que actualmente a carne de porco propriamente dito, fazem parte da identidade nacional. Esta prática – matar o porco de forma tradicional, para alimentação familiar – vai muito mais além do simples acto de matar um animal para consumo caseiro, uma vez que deste acontecimento, a família e amigos reúnem-se num espírito de entreajuda e de festa na matança do porco, significa sempre o sentar a volta da mesa, num puro convívio social.

A Freguesia de Mondim de Basto vem convidar todos a participar neste grandioso convívio.

Continua…

18-02-2007 Matança do Porco (2)

MONDIM DE BASTO

População local e turistas participaram no reviver das tradições
da "Matança do Porco"

No domingo logo pela manhã, o Parque de campismo acordou pronto a receber mais de duas centenas de pedestrianistas madrugadores que se associaram à iniciativa de recordar e reviver a tradicional matança do porco, evento organizado pela Freguesia de Mondim de Basto e o Parque de campismo local.

A azáfama instalou-se no parque com o toque de saída para a primeira actividade, naturalmente de desgaste para preparar o amigo estômago, assim nada melhor do que uma caminhada a preceito por veredas, trilhos e caminhos rurais calcorreados por jovens escuteiros, moçoilas alegres e jovens maduros de ambos os sexos, animados em passo ritmado rumo a Pedra Vedra.
Foi engraçado apreciar as pequenas vielas do Lugar de Montão e da Serra, debruçadas sob o magestático monte da Senhora da Graça, que lhes dá abrigo e fé e ofereceu a todos os caminheiros uma panorâmica fotográfica da vila, a despertar com os pedaços de sol que iluminavam o caminho traçado.

Em Pedra Vedra, após subidas e descidas, deu-se um dos momentos mais emblemáticos e sensíveis do percurso com a observação pelos presentes da simulação da matança do porco. Da mesma forma foi-nos demonstrado a arte de chamuscar o animal com colmo, com a finalidade de queimar a pelugem, para depois se iniciar a sua lavagem e limpeza com facas e pedras, instrumentos eficazes e ancestrais, demonstrativos de uma prática tradicional, tão costumeira e primitiva das casas mondinenses, onde o porco servia para alimentar as bocas famintas ao longo de todo ano, já que a carne não abundava fruto dos tempos de míngua de um passado já esquecido.

No entanto, para recordar fica o mata bicho preparado pela dona Maria Alcina que ofertou os presentes de umas suculentas pataniscas, com broa, bolachas e café do pote, que nos contagiaram e satisfizeram a pedir por mais, num banquete esplendoroso e requintado, demonstrativo das nossas gentes, que quando abrem as suas portas, recebem os visitantes de uma forma principesca.
De Pedra Vedra rumamos a Mondim esfusiantes e alegres pelo acolhimento, em direcção ao Parque de Campismo.

Lá, seguiu-se a terceira parte da jornada com um lauto almoço, a que não faltou o porco no espeto, os rojões, a linguiça, o entrecosto regados com o bom vinho da região, que deliciaram e saciaram os cerca de quatrocentos visitantes que se associaram ao evento e se foram aproximando com as doze badaladas a anunciar a hora do repasto. Durante a tarde, a festa continuou com o espectáculo dos entremezes, típicos do Carnaval, levados a cena pelo Grupo Cultural e Recreativo de Santa Luzia de Vilar de Viando, que encantou com quadros romanescos que provocaram uma boa disposição pela comicidade e excelente interpretação dos actores.

No intervalo, as associações culturais e grupos mudaram a máscara usada durante o ano e com os novos trajes, disfarces e enfeites sambaram ao som da música brasileira dando um colorido carnavalesco ao evento. O Grupo dos escuteiros de Mondim, que estavam em grande número, arrecadaram o troféu, a cabeça do porco, sendo distribuídos aos restantes um prémio de consolação para o segundo e terceiro lugares, respectivamente ao grupo cultural de Santa Luzia e Grupo de cavaquinhos de Pedra Vedra. A festa terminou com a actuação do Rancho folclórico de Santa Luzia que embalou e agitou os presentes na sedução e arrebatamento que a nossa música popular nos transmite e faz vibrar. Até lá, esperamos por uma nova matança e convívio.

Textos: Executivo da Freguesia de Mondim de Basto

Continua…

18-02-2007 Matança do Porco (3)

MONDIM DE BASTO

A “Matança do Porco” em Mondim
Foi uma festa como nunca vi igual,
Participamos neste EVENTO porque assim
Mantém-se viva a tradição em Portugal.

Quero deixar a opinião sobre este dia
Que mais de 300 desfrutaram com prazer.
Muito obrigado - Parque de Campismo e Freguesia!
Cá voltaremos na Primavera se Deus quiser.