terça-feira, 13 de setembro de 2016

Conclusão: o melhor é...




Não ouvir nem ver

Porque o melhor, enfim,
É não ouvir nem ver…
Passarem sobre mim
E nada me doer!

- Sorrindo interiormente,
Coas pálpebras cerradas,
Às águas da torrente
Já tão longe passadas. –

Rixas, tumultos, lutas,
Não me fazerem dano…
Alheio às vãs labutas,
Às estações do ano.

Passar o estio, o Outono,
A poda, a cava e a redra,
E eu dormindo um sono
Debaixo duma pedra.

E sob a terra firme,
Compacta, recalcada,
Muito quietinho. A rir-me
E não me doer nada.


Poema de Camilo Pessanha 
(1867-1926) Clépesidra

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