quinta-feira, 12 de novembro de 2009

11-11-2009 Comemorou-se o S. Martinho... na IBS!

A castanha

«O fruto dos frutos, o único que ao mesmo tempo alimenta e simboliza, cai dumas árvores altas, imensas, centenárias (…) só em Novembro as agita a inquietação funda, dolorosa, que as faz lançar ao chão lágrimas que são ouriços. Abrindo-as, essas lágrimas eriçadas de espinhos deixam ver numa carne fofa, a maravilha singular de que falo.»
Palavras de Miguel Torga

Para animar um pouco o ambiente algo tenso e de incertezas que se vive no momento, um grupo de Colaboradores da empresa IBS Portugal resolveu juntar-se no final do dia de trabalho e comemorar o S. Martinho com alegria e camaradagem. As castanhas foram trazidas pela Susana – lá de xima, de Lebução – e o restante pessoal cada qual ofereceu as iguarias que tinha lá em casa ou que foi comprar para este momento. Não faltou a boroa de Avintes, bola de carne, salpicão, queijo, sortido de doces e até bolo de chocolate. Claro está, tudo bem “regado” com pinga tinta, jeropiga deliciosa e para quem anda de “dieta” sumos e colinha.

Como é costume nestas ocasiões, alguém disse: «Vaza que é pra encher!»
Confesso que, nos tempos que correm, fiquei sensibilizado com este momentâneo espírito de grupo, talvez por ver tanta desfragmentação e pensar que actos destes eram... coisa do passado!
O último ou primeiro de muitos?
Obrigado a todos mas, muito em especial ao Filipe do Vale por esta ideia tão nobre!
Nota final:
Fiquei admirado como toda gente presente ainda se lembra bem dos provérbios de S. Martinho!
E quem estava longe...tadinho! - Nem castanhas e nem provérbios de S. Martinho?



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Aquele Abraço

A HISTÓRIA DE S. MARTINHO

Diz a lenda que Martinho, nascido na Hungria, no ano 316, tal como seu pai, foi um soldado.
O seu nome foi-lhe dado em homenagem a Marte, o Deus da Guerra e protector dos soldados. Aos 15 anos vai para Pavia (Itália). Anos mais tarde, em França, abraçou a vida sacerdotal, reconhecido como grande pregador, vindo a ser eleito Bispo de Tours.Certo dia de Novembro, muito frio e chuvoso, estando em França ao serviço do Imperador, seguia Martinho no seu cavalo a caminho da cidade de Amiens quando, repentinamente, começou uma terrível tempestade.
Cavalgando, surge-lhe a certa altura na berma da estrada um pobre homem quase despido, pedindo esmola.Como não trazia outras roupas, o soldado Martinho sem hesitar, pegou na espada e cortou a sua capa ao meio, dando uma das metades ao pobre para que este se protegesse do frio. Nesse mesmo momento a chuva parou e o Sol voltou a brilhar, ficando milagrosamente um dia como de Verão.Jesus, tempos depois, falou-lhe ao coração e ele rendeu-se a discípulo da Religião Cristã.
Faleceu a 8 de Novembro de 397 em Tours.
Desde então, sempre se esperou que todos os anos, por Novembro, surja o Verão de S. Martinho. E não é menos verdade que S. Martinho raramente nos decepciona.
Em sua homenagem, comemoramos o dia 11 Novembro com as primeiras castanhas do ano, acompanhadas de vinho novo.
É o nosso tradicional Magusto, que se comemorada praticamente em todo Portugal.

Provérbios de S. Martinho

A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.
Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.
No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
No dia de S. Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o teu vinho.
Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já não te faz dano.
São Martinho, bispo; São Martinho, papa; S. Martinho rapa. Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho.
Veräo de S. Martinho são três dias e mais um bocadinho. Castanhas boas e vinho fazem as delícias do S. Martinho.
Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.
A castanha tem uma manha: vai com quem a apanha.
Castanha que está no caminho é do vizinho.
Castanha quente só com aguardente, comida com água fria causa «azedia»
Castanhas do Natal sabem bem e partem-se mal.
Castanhas enchidas, velhas ao souto.
Dá-me castanhas, dar-te-ei banhas.
Em minguante de Janeiro, corta o teu castanheiro.
Em Setembro, antes de chover, o souto o arado quer ver.
Mais vale castanheiro, que saco de dinheiro.
O Céu é de quem o ganha e a castanha de quem a apanha.
Oliveira do meu avô, castanheiro do meu pai e vinha minha.
Os ouriços no São João são do tamanho de um botão.
Pinheiro cortado em Janeiro, vale por castanheiro.
Planta o souto, quando cai a folha ao outro.
Por souto não irás atrás do outro.
Quando o lobo come outro, fome há no souto.
Quem castanhas come, madeira consome.
Quem não sabe manhas, não come castanhas.
Queres castanhas? Larga-a o burro tamanhas.
Raiz de castanheiro, dá «bô» braseiro.
Até breve!

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