quinta-feira, 17 de março de 2011

ORNITOLOGIA – Textos/Ilustrações (1)

O Amor pelas Aves (A)

O inevitável sentido possessivo

Como é possível não se amar as aves, ao espreitarmos a sua encantadora vida selvagem, vendo-as saltitar de ramo em ramo ou erguendo voo de árvore para árvore, escutando o seu agradável chilrear e doces gorjeios?
Como é tão belo ir passar uma manhã ao campo e num bosque, em contacto íntimo com a Natureza, ouvir os cantos das aves e reparar nos seus íntimos hábitos de viver!
E depois... que prazer ao encontrar um pequeno ninho, quantas vezes no lugar menos esperado, numa construção tão perfeita e harmoniosa, oculta entre a vegetação.
Se lá formos alguns dias depois, encontraremos uns pequeninos ovos, de onde mais tarde nascerão uns deliciosos serezinhos... a que já então chamaremos nossos!
Mas, esta fascinante paixão por eles, esta alegria que nos contagia e nos faz lá ir ao ninho constantemente, não dura sempre!
Um dia, encontraremos o ninho vazio, porque os seus jovens habitantes – que eram nossos? - partiram...
Depois de gozarmos as avezinhas no seu habitat natural, não admira, que desejemos transportá-las para a nossa casa, para na sua companhia gozarmos das suas graça e beleza e as maravilhosas canções.

Aficionado: “Bichinho ou vício?”

Embora gostando e admirando toda a biodiversidade que se me depara, o Amor que nutro pelas aves é um “bichinho” especial que sempre me rói cá dentro!
Como em 2003 ao fim de 10 anos deixei de criá-las (quiçá voltarei a tê-las) a cada passo tenho que ir vê-las! Faço uma visita a alguns amigos que ainda são criadores e mato saudades destes meus amiguinhos.
Criei canários tão só para me divertir e provar a mim mesmo que, como os “Mestres”, eu também era capaz de criar estas deliciosas aves e mostrar aos amigos o meu produto.
Aprendi teoricamente nalguns livros da especialidade que adquiri e mais tarde também segui alguns conselhos (os que considerava francos e objectivos) dos antigos e criadores experientes. Jamais esquecerei esses anos que vivi preso à sua companhia agradável e ainda hoje gosto de ir ver exposições, lembrando-me, com uma lágrima marota a escorrer e que sempre disfarço, a Paz, harmonia e tranquilidade que me deram, relegando para segundo plano o trabalho que tive a cuidar deles, bem como alguns dissabores por que passei.

Quem é que não gosta de Aves»?

No auge da carreira de investigação em 1951, o ornitologista inglês James Ficher, escrevia:

«Todos os tipos de pessoas gostam de aves. De entre as que eu conheço há um primeiro-ministro, um presidente, três secretários de estado, uma mulher-a-dias, dois polícias, dois reis, dois duques, um príncipe, uma princesa, um comunista, sete trabalhistas, um liberal e dois conservadores do parlamento inglês, vários trabalhadores rurais, um empresário, 46 professores, um mecânico, um carteiro e um estofador.»


PEDAGOGIA

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição,
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!
Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!


Poema de Miguel Torga

Continua...

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