Fez ontem 15 anos que o "Mestre" nos deixou.
Adolfo Correia da Rocha (Miguel Torga) nasceu em S. Martinho de Anta, Vila Real, a 12 de Agosto de 1907. Faleceu em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995.
Miguel Torga é para mim o maior escritor do século XX. Foi um gigante a falar da beleza e rudeza de Portugal.
«O meu Portugal» «Eu perdi-me em Portugal», dizia ele com orgulho.
Em tudo o que escrevia deixava a "essência das coisas". Nunca ninguém falou tão bem e com tanta sabedoria, de Portugal.
«Tivemos tanto. Tivemos tudo. E hoje resta-nos apenas esta paisagem portuguesa, onde vivem os pobres, os humildes escondidos, serranos egoístas e complacentes com eles próprios.»
Miguel Torga tinha por Portugal e pelos Portugueses ligados à terra, aos costumes bravios da Serra, um sentimento de sofrimento de que nunca se separou.
Cantou a Liberdade e a Poesia natural e rude.
«Eu sou dos poucos Portugueses que sou de Portugal inteiro!», disse um dia.
«Tudo o que sou, pertence a este chão: o Marão, o Douro, o Alentejo, S. Martinho ou Coimbra»
«Sou um "geofago" insaciavel! Como terra e devoro as Serras e as planícies»
Falou-nos com tanto sentimento e sabedoria de Trás-os-Montes, "Um reino maravilhoso" que só ele conhecia e da beleza sem par do Gerês.
Mas o que mais me impressionou da sua personalidade, foi quando um dia, "esses senhores da política" lhe perguntaram:
- Afinal, de que partido é?
E ele foi rápido a responder:
- O meu partido é o mapa de Portugal!
Adolfo Correia da Rocha foi sepultado a 18 de Janeiro de 1995 na sua terra natal, S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, do distrito de Vila Real.
Continua a descansar em Paz, "Mestre"!
Nós por cá, tentamos seguir alguns dos teus passos!
Identidade
Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.
Miguel Torga (Penas do Purgatório)
Aquele Abraço!
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