domingo, 28 de agosto de 2011

FELIZES OS ALDEÃOS


É bem feliz, por certo, o que sómente
Ao rústico lavor acostumado
Conduzir sabe os bois, reger o arado
E dar à terra a próvida semente.

A arte de a lavrar sempre inocente
Estuda só, e ignora afortunado
As novas leis, as máximas do Estado,
E os documentos de enganar a gente.

Projetos vãos não forma, e sempre isento
Da soberba ambição, nunca a Lisboa
Foi dobrar o joelho ao valimento.

Cabana humilde, onde nasceu povoa;
E seguro no próprio abatimento,
Só tem medo do Céu, quando trovoa!

Poema de Paulino António Cabral (Abade de Jazente)

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