A Criação do Mundo
(Sexto Dia)
Miguel Torga
Os Passadiços do Paiva (na vertente do Areinho)
O
Paiva e a “Arouquesa”
Naquele
tempo, - quantos fins-de-semana! – punha-me a pé bem cedinho, ás vezes debaixo
de nevoeiro cerrado aqui pelo Porto, mas eu, crente, metia-me por aí fora em
direção de Arouca. Tomava-se o pequeno-almoço na região e dirigia-me
rapidamente e sem perder tempo para a estrada que leva a Telhe, para atravessar
o Rio Paivô, afluente do Paiva, na ponte da aldeia que lhe dá o nome, Ponte de
Telhe.
Num ápice estava em Janarde, ou melhor, no caminho regional próximo
ao paradisíaco “Areinho de Janarde” e estacionava o carro debaixo dum frondoso
carvalho mesmo à entrada do carreiro que desce e leva ao leito do Rio Paiva.
Embora aqui com pouco caudal e temperatura excelente, o fundo é predegolhoso e
com seixos muito escorregadios, ao qual para perfeito equilíbrio tinham que se
adaptar pessoas e animais, porque os peixes que se avistavam a olho nu, esses
estavam no seu mundo natural e nadavam harmoniosamente. Atravessávamos a vau –
raramente a água chegava aos joelhos – munidos de toalha e um guarda-sol e
algumas coisas mais indispensáveis, como as seladas e bebidas num balde com
gelo, atracava neste outro “paraíso escondido” das águas do Paiva, esse rio
imponente e tão afável, que guardarei sempre no meu coração!
Depois
do primeiro banho, esticava-me sobre a toalha e… cochilava… e sonhava…
Mas,
sempre por volta das onze/meio-dia, um som de chocalho já bem meu conhecido,
entoava nos meus ouvidos, que pressentia ainda estar longe, e despertava-me,
dizendo para mim mesmo: - Já lá vem “ela”! Espero que me venha cumprimentar
aqui junto do guarda-sol! Será hoje que me deixa tocar-lhe?!
Mas,
não! Olhava-me uns breves instantes fixamente e enquanto enxotava com a cabeça
e a cauda as moscas que a afugentavam, encaminhava-se direitinha para o mesmo
local de travessia do leito do Paiva e nunca eu antes a tinha visto nem ela a
mim.
Deixa
estar – dizia para comigo – não forces nem alteres o que ainda resta nesta
região sagrada e inóspita, com os seus usos e costumes e a sagrada Natureza
ainda te podem oferecer!
Esta
vaquinha amarela fazia-me recordar os meus tempos de infância e adolescência,
quando fugia para os campos, para junto dos animais e do fascínio da Natureza!
E
foi assim, durante anos, mais um episódio… a visita da “arouquesa” naquele outro meu “paraíso
escondido”, na praia do Areinho em Janarde, uma pequenina aldeia de Arouca, nas
margens do Paiva.
O meu poema preferido sobre o RIO PAIVA
Testemunhos de alerta e preocupação com a Natureza… Hoje!
Também podes ver aqui:
E deixo ainda (na perspetiva de um Futuro promissor!) este
belíssimo poema:
SOBRE UM TRISTE RAIZEIRO
Sobre um triste raizeiro
À beira do caminho
Nascerá um pinheiro
Com bagas de azevinho
Com bagas de azevinho,
De louro ou medronheiro,
Sobre um triste raizeiro
À beira do caminho
Nascerá um pinheiro.
Poema de : Santos Kim
Sobre um triste raizeiro
À beira do caminho
Nascerá um pinheiro
Com bagas de azevinho
Com bagas de azevinho,
De louro ou medronheiro,
Sobre um triste raizeiro
À beira do caminho
Nascerá um pinheiro.
Poema de : Santos Kim
Aquele Abraço
Sem comentários:
Enviar um comentário