No "Diário II - 1943" o mestre Miguel Torga ( + Sr. Adolfo Correia da Rocha ) desabafava:
«Os Homens só me deram tristezas!»
"Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no Mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam... (...) A terra, com os seus vestígios e as suas pregas, essa foi sempre generosa. (...) Vivo a Natureza integrado nela, de tal modo que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espetáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno."
Mas nada é eterno, nem a paisagem em tons de verde (embora predominantemente eucalipto e algum pinheiro) resiste a "mãos criminosas em época de eleições?!) que ouvi o Pedro desabafar... e que é sempre assim por estas alturas, se consultarmos nas estatísticas dos registos dos incêndios nas Serras de Santa Justa e Pias, em Valongo, por muitos consideradas «o Pulmão» do Porto.
O Mestre dizia-nos que a terra, com suas paisagens verdadeiras, transmite-nos Vida mas... também tem as suas "telas" de... Morte!
"Sempre que prestes a sucumbir ao morbo do desalento, toco uma destas fragas e todas as energias perdidas começam de novo a correr-me nas veias."
Quem dera, saudoso Mestre, que fosse assim! Quem dera! Também eu pensava!...
Até na cota mais baixa como no vale da ribeira de Fervença, imagino o susto dos moradores e também na oficina do Sr. Marcelino com o coração nas mãos, que felizmente o perigo foi combatido pelos Bombeiros até à extinção. Para os próximos anos fica um cenário... desolador!
E hoje lastimam as feras...
Não há belos horizontes
Nem na alma... primaveras!
Aquele Abraço
Sem comentários:
Enviar um comentário