Cada um queixe-se de Si
(como hoje foi mais um dia azarado...)
Queixa-se da fortuna um descontente,
Outro da sua estrela, outro do fado,
Outro da sorte; e sempre um desgraçado,
Encontra desabafo no que sente.
Alguns cuidam que o mal é contingente,
E pragueja do acaso; outro indignado
Grita, lamenta e diz que o Céu sagrado
É surdo à rouca voz da triste gente.
Há gente que aos Santos Deuses ameaça,
Que lhes chama cruéis, e o desatino
A negá-los de todo às vezes passa.
Eu só contra mim brado e me incrimino;
Pois sei que sou no extremo da desgraça,
Artífice infeliz do meu destino!
(Soneto de Paulino António Cabral-Abade de Jazente)
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