O que ao próximo fizeres
É bem que doutrem o esperes.
Vejo os defeitos do amigo
Lamento, mas não maldigo.
Ao amigo molestar,
Nem a rir, nem a brincar.
O mal que a outrem molesta
Não o tomes por tua festa.
Faz bem, que nesse instante
A Deus ficas semelhante.
Boa fama até no escuro
O seu brilho tem seguro.
Leve o demónio arcas de ouro,
Boa fama é que é tesouro.
Cheguei um amigo a perder:
Que maior pena posso ter?
O que deveras queremos
Cedo ou tarde alcançaremos.
Ao bom pai cumpre adorá-lo,
Ao pai ruim suportá-lo.
As feridas da ternura
Quem as faz é que as cura.
Dá logo ao necessitado,
Que será favor dobrado.
(Recolha Literária: António Feliciano de Castilho)
Há tanta poesia no sorriso de uma criança
Como no brilho de uma estrela.
Quanto mais penso nos homens
Mais adoro a Deus!
As ações ruins
Não justificam outras ações ruins.
Não é virtuoso o que pode sê-lo:
É aquele que quer sê-lo.
Os que não amam vivem ao sabor de caprichos:
Velas sem rumo, asas sem penas.
Não há nada mais comovedor
Do que as surpresas e os desenganos das almas simples.
O riso é a espuma da alegria
E as lágrimas são a essência da dor.
É preferível louvar a condenar - mesmo quando se erra -
Um louvor imerecido causa menos dano
Do que uma afirmação injusta.
Quem se contenta com o que tem
Possui a maior virtude.
Os homens que confessam lealdade dos seus erros
E deles se arrependem, são homens bons.
A nossa dor pode avaliar-se
Pela alegria dos que nos querem mal.
Ofensa que se despreza
É tranquilidade que se conquista.
Na alma de todos nós
Há sempre um cantinho que não nos pertence:
O da compaixão pelos pobres:
(Recolha Literária: José de Miranda)
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