Dia para lembrar os «Moinhos»
... e essa personagem “mística” do «Moleiro»
Que força sincronizas-te
Para que a mó, que inventas-te,
Gire ao segundo?
A telúrica leva
Grão a grão mói a fornada,
Sacia o Mundo!
Poema de Luís Jales
de Oliveira
Decorreu no passado 7 de Abril o DIA DOS MOINHOS.
Ainda me lembro daquele dia que percorri o “Caminho dos
Moleiros” em Albergaria – A – Velha, e fui dar aos Moinhos da Freirôa, no Rio
Caima, onde conheci um bom homem, que me explicou poeticamente na sua arte, o
sentido da Vida, a quem dedico estas quadras:
O moleiro José de Almeida
Ensinou-me esta lição:
- Um ano farto de água
Também é farto de pão!
E mais esta que não rima:
Num ano de muita água
O moleiro bebe vinho.
Num ano de pouca água
O moleiro bebe água!
Os “Trilhos dos Moinhos” de Castro D’aire e S.ta Isabel do
Monte foram outros caminhos que percorri e que me fascinaram.
Moinhos de Portugal
(1)
Em quase todas as zonas do nosso País, por onde correm rios
e ribeiros, enredados nas terras, permitiram noutros tempos já longínquos a construção
de moinhos e azenhas junto aos cursos de água, com as seus rodízios a bater pela
força canalizada das levadas. Onde a extensão linear não era possível pelos
complicados leitos dos rios, eram erguidos em sobreposição vertical uns nos
outros com visão pitoresca, arquitectura de mãos hábeis e fiéis à grande
invenção e engenho dos Romanos.
Num outro estilo e com o mesmo propósito, ou seja, moer
cereais, logo que os ventos o permitissem em bom lugar e nas alturas de
montanhas propícias, os moinhos aí eram levantados. Armavam velas brancas nas
quatro vergas cruzadas num forte mastro horizontal, saído pela trapeira em
cobertura cónica, e sempre a girar e a moer ao sabor das correntes aéreas.
De norte a sul de Portugal há moinhos de água e de vento.
Tantos já recuperados e milhares deles ainda permanecem na ruína a que foram
deixados chegar por força do abandono e da lei da electricidade, como por
exemplo no Rio Leça. Mas os tempos de hoje pedem mudança de mentalidades e um
rápido regresso ao passado, aproveitando a força motriz natural.
Isolados, aos pares, em filas horizontais ou verticais,
existe um grande rosário de moinhos sempre bem enquadrados e a funcionar, para
os podermos admirar e visitar. Dão uma enorme beleza e enriquecem a paisagem
portuguesa.
Sendo património do passado, devemos hoje preservar e deixar
esta cultura, a «Molinologia», às gerações futuras.
Moinhos de Portugal
(2)
A actividade moageira assumiu, no distrito de Aveiro, um
papel primordial como antecedente da própria actividade industrial, mas também
como importante repositório de técnicas e saberes tradicionais. Além disso, a
sua importância ao nível sociológico e cultural, marcaram para sempre inúmeras
gerações, sendo que hoje em dia um moinho ainda fascina e atrai quem tem o
privilégio de o ver a funcionar e ouvir as histórias e as lendas dos antigos
moleiros(...).
Saiba mais neste site:
Alguns trechos deste emocionante tema que recolhi e aqui deixo para todos lerem:
Um lugar emblemático: PENACOVA (de outros tempos e de hoje)
E o meu triste e fustigado Rio Leça:
Rio Leça, Rio Leça,
Com teus moinhos à beira,
Leva esta carta de amor
Àquela linda moleira.
Uma singela peça de teatro:
Poema de homenagem às "Moleiras" de Portugal:
Ainda mal rompeu o dia
Já ela vai a caminho,
A moleirinha Maria
De regresso do moinho.
O jumento carregado
De poeirenta farinha,
Corre de lado p’ra lado
Para voltar à noitinha.
E a Maria puxando
A arreata do jumento,
Sorridente, vai cantando
As agruras do momento.
E trabalha com prazer
Toda em paz e harmonia,
Porque merece viver
Em verdadeira alegria.
Poema de Albano Magalhães
Foto: José Antunes Marques de Abreu (Vida Rústica)
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