PRIMAVERA
A Terra é mãe eterna. A fecundá-la
Passam os ventos, passa o sonho e a dor;
Apodrecem os corpos numa vala,
E desfolham-se as folhas duma flor.
P’ra que produza, matam-se a cavá-la
A Primavera, o poeta e o cavador:
Todos com ânsia para profundá-la,
Todos amando-a p’ra que dê Amor!
Mondam-se os trigos sob os claros ares;
Florescem nas ramadas os fecundos
Rebentos; alvorecem os pomares...
E a Terra, grande mãe alvoraçada,
Sente no ventre remexer, profundos,
Frutos de cada beijo, cada enxada.
Poema de Afonso Lopes Vieira
(Poesias Escolhidas)
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